quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Salvo pelo gongo

Plééééééééiiinnnnnn
Gongo tinha acabado de chegar na mansão do Babacaboy, que tinha acabado de desligar o tel na cara dos seus amigos.
Gongo era um cara magrelo que parecia uma espécie de primata que andava como se estivesse sempre cagado, ele também fedia como tal. Babacaboy odiava ele e aquele seu jeitinho de quem caiu das mãos do médico de cabeça no chão e ficou feio e retardado. Ria de qualquer coisa como se o mundo fosse uma grande maravilha cagada divertida, idiota e rápida. Gongo era o adversário de Babacaboy, ele foi o primeiro baterista da SuperId, antes de todo o sucesso, antes desse maldito dia em que Babacaboy estava traindo a si mesmo e a seus amigos por pouca coisa.
Ele sabia que nunca haveria perdão e que ficaria marcado pra sempre como o cara que deixou banda na mão, no auge de toda a carreira. Mal sabiam eles que a banda não duraria muito mais depois daquele incidente, ninguém sabia realmente o que estava acontecendo, ninguém compreenderia os motivos de tal ato de traição. Babacaboy era mesmo um babaca.
Plééééééééiiinnnnnn
Gongo ainda tocava a campainha e Babacaboy deseja nunca ter nascido. O remorso começava descer amargo na garganta. Até mesmo os olhares na TV pareciam demonstrar o desprezo que Babacaboy sentia de si mesmo. Maldito sangue que continua a correr em suas veias. Nesse momento se lembrou dos dias felizes, eles eram poucos, raríssimos na verdade. Na grande maioria do tempo, os três integrantes da banda de maior sucesso do momento, estava em pé de guerra. Uma hora era um arranjo, outra era uma letra. As vezes era prq um tinha pego a vadia do outro ou porque não queria uma luz tal no palco durante as apresentações. Resumindo, tudo por causa de muita frescura deles, mas eles eram superstars de com quinze anos de idade, faziam tudo sozinho, tinham uma puta de uma personalidade. Ninguem tinha dito que seria facil para eles.
Nunca foi. Os cds que lançaram, tão elogiados pela crítica, teria dado mais trabalho a deus que a criação do mundo. Nunca estava perfeito para o Gilsinho, até parecia o Bryan Wilson. Se não fosse por insistência da gravadora e relaxo dos outros dois, que pra eles qualquer coisa tava boa, o cd nunca seria lançado e nunca teria ganhado tantos elogios e prêmios. Dias e dias de trabalho dentro daquele estúdio maldito, todo estilizado que lembrava muito a casinha em que eles começaram a tocar, cheio de vasos sanitários, sacos de cimento e outros materiais de construção.
Todo aquele trabalho estava sendo jogado fora? O famoso disco conceitual.
Plééééééééiiinnnnnn
Olhou mais uma vez pelo olho mágico, ia atender, que se foda.
Abriu a porta e logo de cara, com um puta mal-humor:
- Que se ta fazendo aqui cara?
- Passei por aqui pra ir contigo pro show.
- Como assim cara, se nem mora por aqui.
- Ah, cara, é que eu to muito empolgado com o show, dae eu resolvi passar aqui pra dar uma força.
- Quer dar uma força?
- Então faz o seguinte cara, some da minha frente que eu to doente cara, muito doente. Vai pro show pela rodovia tal.
- Que é isso cara?
- Vai, some daqui.
- Mas e o show?
- Vai cara.
BLAMMMM. Fechou a porta na cara do Gongo e ligou para os outros amigos, os mais próximos.
- Tô deprê, vamo pega umas puta?

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